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26 de março de 2014

Tão longe, tão perto




Quando eu deixei a minha cidade, a minha família, os meus amigos, a minha casa e os meus cachorros para cair nessa imensidão que é São Paulo e começar a faculdade dos meus sonhos, eu não fazia ideia do que realmente significava isso. 
Não imaginava que ia ser tão doce e tão amargo. Não imaginava que ia me sentir tão distante e tão próxima.
Estar longe dói com frequência. Não fazer parte do dia-a-dia de quem você ama é uma ferida constantemente aberta.
Mas ao mesmo tempo carrego todas elas, seus rostos, seus jeitos, seus cheiros, seus sorrisos, carrego-as no meu coração de um jeito que eu não fazia quando estava fisicamente perto. A distância muda o amor. Mas não na intensidade, somente na sua forma. Aprendi a amar de longe, e isso alargou meu coração. Alargou tanto que já começo a amar tudo isso que me é novo na vida. E multiplicam-se os rostos que eu carrego comigo. 
Me vejo alegre. Alegre porque fui capaz de escolher e minha escolha me transformou. Hoje vivo com mais peso. Com mais sentido, mais direção e mais magnitude (veja só, sou quase um vetor!). 
Mas a alegria maior está em saber que a mudança não termina. Viver é mudar, e crescer, e transformar, e aprender, e lutar. E em meio a tudo isso a gente ama. Ama os outros, ama as lutas, ama os dias. E o que era no início amargo se torna, gradualmente, cheio de doçura.


Adélia 

11 de dezembro de 2013

E se o tempo passa de qualquer forma...




Hoje faz 3 meses que coloquei minha vida dentro de meia dúzia de sacos plásticos a vácuo e fiz tudo caber dentro de dois volumes de 32kg. Faz 3 meses que deixei a 8300km minha casa, meu amor, família, amigos, cães, conforto, roupa lavada, sopa pronta no fogão e ainda  transformei um curso que já era longo em algo 12 meses maior. Vendo a minha antiga vida passar, sabendo que ela não vai esperar por mim e não há mais caminho de volta.


Que bom.


Que bom que tive a coragem que precisava, na hora que precisei. Que faço isso com o apoio da minha família, amor e amigos. E tenho essa chance que nem todos têm. Nunca mais serei a mesma e fico feliz com isso.


Aprendi que as “pessoas”, principalmente os “momentos com as pessoas”, são mais importantes que as “coisas”. Aprendi que usar por favor, obrigado e com licença não nos deixam mais pobres, muito pelo contrário. Que uma instituição de ensino que se preze precisa, acima de tudo, respeitar seus alunos. E que, de forma mútua, os alunos devem ter o mais imenso respeito pelos professores. Que diversas culturas podem e devem viver em harmonia num mesmo ambiente, sem rótulos, sem segregações e sem a necessidade de abrir mão da sua pátria de origem. Vejo também, com tristeza, que meu país está mais de 50 anos atrasado na cultura do esporte, e isso me entristece de verdade. O país do futebol, e das olimpíadas, não tem hoje o que eles já tem aqui (Canadá) há décadas. Mais uma prova que nossos atletas, técnicos e profissionais do esporte são verdadeiros guerreiros por ainda assim chegarem tão longe.


Vejo meus próximos 9 meses de forma muito promissora e especial. Quero aprender alguma coisa, mesmo que pequena, todo dia. A saudade é grande, mas o tempo está passando muito rápido. E se o tempo passa de qualquer forma, por que não fazer alguma coisa diferente com ele?  


“Uma mente que se abre a uma nova ideia jamais retorna ao seu tamanho original.” (A. Einstein)

Isabel Ziesemer Costa

18 de setembro de 2013

A crônica




Hoje quero compartilhar com vocês uma crônica. A crônica que todo professor acaba vivenciando na escola, diariamente, no seu cotidiano com os seus alunos.

Vamos lá... Sou estudante do quarto ano de Letras, da Universidade Federal do Paraná, e aprendi o que era crônica pela primeira vez aos 11 anos de idade, quando ainda estava na quinta série. Nunca dei muita importância para esta forma tão “corriqueira”, “cotidiana” e “pouco poética” de narrar.  Descobri em sala de aula, como professora, que nunca aprendi e internalizei tão bem este gênero. Estranhamente nós somos pagos para ensinar, contudo nós sempre somos os que mais aprendemos nessa empreitada docente. 

Meus alunos tem exatamente 11 anos, idade com a qual aprendi o que era crônica. Ensinei todos os conceitos perfeitamente. Fizemos ficha do assunto. Lemos milhões de crônicas em sala. Diferenciamos de outros gêneros. Tudo nos conformes. Alguns alunos se empenhavam mais, outros mais ou menos e outros simplesmente desprezavam a disciplina. Após todos os blas blas blas sobre crônica, pedi que eles produzissem uma, aplicando tudo o que eles aprenderam e viram nas leituras.

Todos escreveram a tal da crônica exigida pela professora. Muitos falaram de zumbis, planetas X, galáxias ainda não descobertas e extraterrestres; muitos ainda fizeram um relato pessoal, como uma espécie de diário, porém teve uma redação, sem parágrafo, com milhões de erros ortográficos, do aluno mais indisciplinado da turma, que seguiu os padrões do gênero e escreveu a tal da crônica.

A história era de um menino que viu seu pai aparecer com outra família repentinamente. De um menino que não sabia bem o que faria nos seus próximos dias já que estava sem o pai. Diálogos com a irmã narrando o horror e a tristeza cotidiana. O pai morando longe e o drama diário desse personagem que não sabia muito bem o que faria. Para muitos isso poderia ser um conto, mas para esse aluno era de fato uma crônica, já que, bem, estava contando o cotidiano de uma criança, uma criança que representava ele mesmo na vida real. A crônica, que para mim não passava de muitos conceitos fechados que serviam como uma forma de caracterizar este gênero, fez parte da vida do meu aluno, a ponto dele ter encontrado nela uma forma de mimetizar a sua vida.

Na verdade, essa tarefa que atribuí a eles me fez aprender que ser professor te faz aprender com todos os alunos, inclusive os indisciplinados e que não aparentam ser muito promissores no futuro.  Aprendi que nem sempre o melhor da sala, apesar de ter decorado ou estudado assiduamente os conteúdos, é o que compreendeu melhor. Aprendi ainda que a delícia de ser professor está justamente na surpresa que os pequenos sempre pregam na gente.

Ser professor é entrar todo dia em sala com uma aula pronta e muitas vezes perceber que na verdade a sua aula estava muito superficial para a profundidade dos seus alunos. É encontrar o amor nos olhinhos deles atentos em você. É aprender diariamente a simplicidade e a espontaneidade da vida, que a gente sempre acaba perdendo um pouco quando nos tornamos adultos. A Crônica nunca foi tão real como depois dessa redação.


Por Ana Karla Canarinos

10 de julho de 2013

O amor dos meus amores




É possível ensinar alguém a amar? A grosso modo e ao pé da letra, certamente que não.

Mas a vida, sim ela mesma, nos ensina que o amor vai muito além das lágrimas derramadas por aquele menino do colégio ou mesmo das frases que prontamente repetimos aos nossos pais, durante a infância. O amor, nada mais é, que reflexo do cotidiano ao qual somos inseridos ao nascer.

Para a criança, beijar significa gostar, e ela sabe disto e, assim demonstra seu afeto. Esta forma de amor é aquela clássica. Mas a que, realmente, me encanta é a “camuflada” nos pequenos acontecimentos cotidianos. Aquela em que não é necessário iniciar ou incitar o sentimento, quando o amor se faz presente quase que “sem querer”.

Ver uma criança integrada à família, reconhecendo os pertences de cada ente, sabendo dos gostos dos familiares, assim como interagindo no universo do “lar” é a forma mais pura e serena de amar. Um sentimento que se desprende do óbvio e tende a seguir em construção por tempo indeterminado.

É nesta interface família-lar-cotidiano que o amor pode ser ensinado, não como doutrina, mas sim como sentimento arraigado no “ser”. O amor, quando assim é tratado, deixa de ser apenas uma qualidade individual e passa a ser característica familiar, social e universal.

Por isso, acredite, nós podemos, sim, ensinar a amar.


Por Clarisse

12 de junho de 2013

Um cappuccino e um quiche





- Um cappuccino e um quiche, por favor.
- Você teria 7 minutos para que eu aqueça o quiche? Algum problema?

Eu me sentei na mesa um pouco atônita para aguardar. Aquela velha e recorrente sensação de um mundo onde ninguém tem tempo me deixava um pouco enjoada.

Ao meu lado se senta uma mulher, seu marido e o filho. A mulher bordava uma roupinha de bailarina em pleno aeroporto. Pedia a opinião do marido. Deveria por mais ou menos babados? Achei a imagem, no mínimo, poética. Com as parcas opiniões do marido e com o meu diploma de bailarina na minha bagagem de vida, senti-me na obrigação de dar a minha.

Não era um collant de ballet, mas de atleta de ginástica, o que, de forma alguma, tornava minha opinião irrelevante. Falei sobre minha mãe que também me aguardava nos ensaios e bordava as minhas roupas. Lembrei-me da minha vizinha que bordava as roupas da seleção. Sim, eu a conheço. Sim, a seleção treina no Paraná, isso mesmo, lá no interior. Achei que fosse roupa de patinação. Tem também a esposa do meu primo que treina campeões. Eu me recordava da minha herança interiorana, da minha herança de bailarina, da minha herança de família. Da minha bagagem de sim e da minha bagagem de não.

Compreendi um pouco mais sobre o amor ao saber que os três dirigiam por 20 km pra ir e 20 km para voltar todos os dias até ali ao aeroporto para aguardar a menininha que treinava de segunda a sábado, das 13:30 h às 20:30 h. “Isso que hoje o mais velho não pode vir” era o que me falava a mãe. Nenhum deles estava ali para viajar assim como nenhum deles estava ali para treinar. Estavam apenas para, aguardando, apoiar.

Entendi que aquele sonho de ser campeã era um sonho e um empenho de pelo menos mais quatro pessoas. Família vezes quatro, amor quadruplicado.

Ganhei elogios pela minha cara e postura de bailarina. Oferta de emprego porque procuram professores e precisam importar as russas. Pensei até em um instante em mudar completamente de vida e trocar de emprego. Pensei em conhecer o Kremlin um dia.

Soube que 2016 ainda está próximo, teremos todos os cinco (agora contando comigo) que aguardar até 2020. Sim, porque se a pequena gaúcha já é campeã e com tanto amor ao redor, eu estou botando toda fé nela.

Reparo, então, que meu quiche já esfriava em minha mesa.


- Sim, moço, tenho sete minutos. Sete minutos para dar e sete minutos para receber. Nenhum problema.


Por Juliana

29 de maio de 2013

O sertão que nos cabe




Ele escreveu que seus amores são semiáridos, que tem sede, mas representa um deserto. Lembrou-me daquela ideia de Guimarães Rosa de que o sertão está em toda a parte, está dentro da gente.

O semiárido não seria um privilégio das pessoas mais sensíveis, penso que todos nós amamos em disritmia. E essa alusão é tão antiga quanto aquela história de que viemos do pó.

Todos temos uma sede insaciável, mendigamos amor e o pouco que conquistamos escorre no solo monótono do semiárido cotidiano.

Apesar dessa cena trágica, o sertão me encanta. Uma das mais lindas histórias de amor que já li se passa lá, o amor nunca consumado de Riobaldo e Diadorim no Grande Sertão: Veredas.

Penso que a beleza do amor semiárido está justamente na possibilidade da introspecção. É preciso conhecer o sertão que nos cabe para encontrar as paragens que nos alimentam e descansam.

Dizem que o sertanejo é um forte. E eu o vejo assim. Porque entre muitos que escolhem a rota de fuga de seus próprios sertões, ele permanece lá, se alimentando do semiárido, aceitando a verdadeira luta por amor.

Sem ilusões. Sem palavras vãs. Apenas o sertão e a luta.

Por Sofia

15 de maio de 2013

Limbo





No consulado americano do Rio, o rapaz que nos entrevistou não quis acreditar: O que vão fazer no Alabama?

Mais de duas décadas depois ainda estamos aqui em Birmingham, Alabama, sul dos Estados Unidos. A princípio tudo nos encantou. A quantidade de árvores, a vida calma tão diferente do Rio, o espaço das casas e apartamentos. Resolvemos ficar, aumentar a família, comprar uma casa.

Aos poucos fomos vendo que criar filhos no Alabama pode ser uma tarefa dantesca. Como formar pessoas de mente aberta, cidadãos do mundo, em uma terra onde impera uma mentalidade conservadora e pouco flexível? Afinal estamos falando do "Bible belt", um lugar onde o fanatismo religioso se mistura ao capitalismo e ao culto às armas de fogo.

Apesar das dificuldades isso foi acontecendo. Conhecer o mundo e outras culturas certamente ajudou. Descobrimos também que existem exceções à regra, que algumas pessoas pensam diferente e ousam fazer parte de uma minoria. Ter as suas próprias ideias nunca vai fazer de você a pessoa mais popular da escola ou da vizinhança, mas sem dúvida ajuda na formação do seu caráter e personalidade. E você pode usufruir do lado positivo. Pode sair às compras a qualquer hora da noite sem medo, respirar ar puro, ter um sistema de saúde e educação decentes.

Assim nos encontramos nessa espécie de limbo. Morando no sul sem sotaque ou mentalidade sulistas; nem completamente brasileiros ou americanos. Apesar dos prós e dos contras, está valendo a pena.

Por ZH

17 de abril de 2013

O amor que aprendi nas salas de aula

Outro dia, conversando com um colega, contava a ele sobre as muitas coisas que já vivi durante esses anos em sala de aula.

Mais do que ensinar meus alunos a falar outra língua, acho que fui eu a que aprendi com eles sobre o amor e a vida.

Já recebi, em uma avaliação de final de semestre, um longo texto de uma aluna que me contava como tinha sido a sua vida, saindo do campo, chegando à cidade, aprendendo a escrever...

Já tive que tentar responder à pergunta: "o que a gente faz quando já não pode sonhar?", feita por um aluno que tinha recebido o diagnóstico de câncer da esposa.

Já ouvi um: "a professora tem cinco minutinhos para mim?", para escutar uma aluna na surpresa da descoberta da maternidade.

Já atendi um telefonema, no meio da tarde, com uma voz entre lágrimas que me dizia: "o exame deu positivo, tenho uma doença incurável".

Meu colega me disse que essas coisas jamais tinham acontecido com ele. Desde então, comecei a pensar por que meus alunos tinham tido tanta confiança em mim, por que contaram coisas tão íntimas, para aquela que era apenas a sua professora.

Não sei a resposta e talvez nem exista uma resposta objetiva. Só sei que cada um deles me ensinou a ser melhor pessoa, a saber ouvir, a entender que a vida não é sempre o que a gente imaginou, mas nos tem reservadas boas surpresas. E, acima de tudo, que o amor e a confiança nascem onde e quando menos esperamos.

A propósito, aquela aluna que veio do campo agora é uma excelente professora; a esposa do meu aluno melhorou e, juntos, realizaram o sonho de fazer uma longa viagem pela Europa; a jovem universitária é hoje uma grande mãe de um cisco de gente e a doença do meu aluno está controlada e ele anda por aí, cheio de projetos.

Por Nylcéa. 



6 de março de 2013

Aprendendo a ser pacientes



Sou fonoaudióloga, trabalho com reabilitação de pacientes surdos. Quando me perguntam se gosto do que eu faço, respondo que não me imagino fazendo outra coisa. Amo a minha profissão. Mas não é sobre mim que gostaria de falar hoje, mas sobre os meus pacientes.

Refletindo sobre a palavra “paciente”, posso dizer que meus pacientes o são como que duas vezes, me explico: primeiro porque o relacionamento que tenho com eles é de terapeuta e paciente, depois porque no caso de um trabalho de reabilitação com pessoas que nasceram surdas ou que perderam a audição necessita-se muito da virtude da paciência. Posso garantir que todos os pacientes que permanecem por um tempo em terapia fonoaudiológica aprendem a ser pacientes.
Para eles, assim como para todos nós, toda pequena conquista é uma grande conquista. Não conseguimos imaginar o que é sair do silêncio e passar para o mundo dos sons, ou conhecê-los e de repente se ver mergulhado no mesmo mundo, mas sem nenhum som.
Vou contar alguns exemplos de pequenas-grandes conquistas.

D. perdeu a audição aos 20 anos. Depois de 20 anos voltou a reconhecer e compreender os sons após fazer uma cirurgia chamada implante coclear. Disse-me que uma das suas grande alegrias seria poder ouvir seus quatro netos. Depois de algum tempo, após várias sessões de reabilitação, voltou a ouvir não só os sons ambientais, mas o que tanto queria. Ele relata, brincando: "Eu estou feliz de poder ouvi-los, mas eles não precisavam gritar tanto!"

Chovia. G. ouviu o som da chuva e foi fechar a janela da sala do apartamento onde mora. Parece simples, mas para G. foi uma grande conquista porque nunca escutara o som da chuva. Alguém já agradeceu por ouvir este e outros sons? G. ficou muito mais feliz pela primeira vez que ouviu a chuva do que chateada pelas tantas vezes que sua sala molhava após não ouvi-la.

Descobriu-se que R não ouvia quando tinha 2 anos de idade.. Foram tomadas todas as providências: terapia fonoaudiológica para estimular a fala, cirurgia, muitas sessões de reabilitação. Aos 3 anos, na sua festa de aniversário, já ouviu o “Parabéns pra você”. Aos 4 anos já pode cantá-lo. Aos 5 anos, em uma das sessões de reabilitação, após eu lhe fazer muitas perguntas para ver como estava a compreensão da linguagem, virou-se para a sua mãe e disse: "Mãe, a J. não sabe nada! Porque ela me pergunta tantas coisas?" 

 Fica fácil entender por que minha profissão é apaixonante. Observar a persistência dos pacientes e de suas famílias é muito gratificante. É por isso que posso afirmar que as pequenas conquistas já são, no fundo, grandes conquistas. 

Por J.

23 de janeiro de 2013

Que descolorirá


http://www.flickr.com/photos/soniamadruga/5199210061/in/photostream/



Na história que meu pai nos contava quando éramos crianças, eu era a flor mais velha de pétalas coloridas que mudavam de cor toda vez que aprendia algo novo.

 Um dia desses, estava pensando sobre a experiência das mudanças e me dei conta que ser “forasteiro” nos tempos de adaptação é como voltar a ser criança. A cada passo uma nova descoberta, um novo desafio.
O aprendizado de uma forma geral, não é algo fácil.  Exige querer aprender, exige esforço, mas muda as cores do mundo ou, pelo menos, as cores do olhar que temos do mundo.

 Agora, tenho para mim, que mais desafiador que ser forasteiro, é encontrar a lição que o cotidiano, na sua simplicidade extrema e repetitiva, tem a nos oferecer.
Buscar o singelo contraste das cores de cada dia, aparentemente iguais, é o desafio que garante a vivacidade da aquarela que compomos com a nossa vida...

Por Mari


12 de dezembro de 2012

Saber amar é saber viver!





Há muitos anos, quando eu era ainda uma adolescente, me fascinei pela seguinte frase: “Viver é amar. A qualidade do amor faz a qualidade da vida!”, cujo autor desconheço. Já foram muitas as vezes que citei esta frase e parei para pensar sobre ela.

A questão é que há algumas verdades básicas: o ser humano foi criado para amar. Apenas nós, humanos, possuímos tal capacidade. Afinal, para amar é preciso liberdade e, logo,  inteligência e vontade. O ser humano precisa amar e sentir-se amado para ser feliz, e felicidade é o que busca. Portanto, é na relação com o outro e não com as coisas que se realiza.

No entanto, somos instigados a todo momento a ter isto ou aquilo, e a ter cada vez mais, de modo que o homem é levado a pôr suas esperanças na coisas, chegando ao ponto de usar as pessoas e amar “as coisas”. O pior é que na maioria dos casos isso acontece sem a pessoa perceber... ela entra na onda. Duas ondas que atrapalham o amor e a realização do homem: “o importante é ter e não ser”, e “o individualismo/competitividade”.

Ao focar-se nas coisas e/ou centrar-se em si mesmo, o homem se descaracteriza, deixa de lado a capacidade mais refinada que possui e afasta-se de sua particularidade, a capacidade de amar. Ao contrário, se a meta é amar, tudo se redimensiona, tudo encontra um novo e mais profundo significado, e assim, uma realização mais completa. Afinal, aproxima-se de sua essência, do que o diferencia dos outros seres, pois o ser humano é um ser social e que pode aperfeiçoar-se até o último momento, ressignificando momentos, experiências, conceitos, ideais, emoções, etc.

Contudo, não é simplesmente o amor por um alguém que vai completar a vida de uma pessoa ou fazê-la melhor, mas a disposição em amar. Em amar as pessoas no geral, as boas e as não tão boas assim.

E amar significa estar atento às necessidades alheias e querer atendê-las de algum modo, seja com a escuta, seja com o conselho, seja com um favor, seja com uma gentileza, seja com um sorriso, seja com um abraço, seja com a verdade.

Significa estar aberto a conhecer e buscar as qualidades positivas do outro ao invés de centrar-se só no negativo ou na primeira impressão, significa buscar pontos em comum, significa pensar antes de responder atravessado, respirar fundo antes de mandar à merda, deixar pra conversar depois que a raiva passar, não julgar com a rapidez de um leviano.... significa também disposição para perdoar – não porque o outro merece, mas porque precisa, pois se errou, se feriu, se pisou na bola, está mostrando uma fragilidade que todos nós possuímos, pois apesar de nos acharmos muito melhores que muita gente, talvez faríamos coisas muito piores se tivéssemos a história que a pessoa tem nas costas, ou as experiências que ela vivenciou, as pessoas com quem ela conviveu etc.

Disposição para perdoar principalmente porque amar é algo que podemos aprender e ensinar, algo que não combina com mágoa, com rancor e com ressentimento, pois estes só nos aprisionam e tornam o coração pesado. Amor tem muito a ver com leveza, com paz, mas ao mesmo tempo com força, força para romper as misérias humanas, a inveja, a mesquinhez, o egoísmo, o orgulho.

Por A.