17 de abril de 2013

O amor que aprendi nas salas de aula

Outro dia, conversando com um colega, contava a ele sobre as muitas coisas que já vivi durante esses anos em sala de aula.

Mais do que ensinar meus alunos a falar outra língua, acho que fui eu a que aprendi com eles sobre o amor e a vida.

Já recebi, em uma avaliação de final de semestre, um longo texto de uma aluna que me contava como tinha sido a sua vida, saindo do campo, chegando à cidade, aprendendo a escrever...

Já tive que tentar responder à pergunta: "o que a gente faz quando já não pode sonhar?", feita por um aluno que tinha recebido o diagnóstico de câncer da esposa.

Já ouvi um: "a professora tem cinco minutinhos para mim?", para escutar uma aluna na surpresa da descoberta da maternidade.

Já atendi um telefonema, no meio da tarde, com uma voz entre lágrimas que me dizia: "o exame deu positivo, tenho uma doença incurável".

Meu colega me disse que essas coisas jamais tinham acontecido com ele. Desde então, comecei a pensar por que meus alunos tinham tido tanta confiança em mim, por que contaram coisas tão íntimas, para aquela que era apenas a sua professora.

Não sei a resposta e talvez nem exista uma resposta objetiva. Só sei que cada um deles me ensinou a ser melhor pessoa, a saber ouvir, a entender que a vida não é sempre o que a gente imaginou, mas nos tem reservadas boas surpresas. E, acima de tudo, que o amor e a confiança nascem onde e quando menos esperamos.

A propósito, aquela aluna que veio do campo agora é uma excelente professora; a esposa do meu aluno melhorou e, juntos, realizaram o sonho de fazer uma longa viagem pela Europa; a jovem universitária é hoje uma grande mãe de um cisco de gente e a doença do meu aluno está controlada e ele anda por aí, cheio de projetos.

Por Nylcéa. 



Um comentário:

  1. Nylcéa,
    Nesses anos todos de sala de aula, minhas lembranças também estão cheias de momentos, de confissões, de agradecimentos que pouco ou nada têm a ver com a matéria que eu ensinava. Acho que no fim das contas, de tudo o que a gente tenta trabalhar em sala de aula, só o que fica mesmo é o afeto que doamos e que não tem salário que pague.

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