27 de março de 2013

O Peso do Amor, o Peso da Dor



Penso que ao longo da vida constantemente somos chamados ao desprendimento em algum nível, como se fôssemos ensaiando para quando tivermos que nos desprender por fim desse mundo.

Eu sei que este é um tema pesado para alguns, mas um dia desses fui visitar uma senhora que tem Alzheimer e não quis deixar de compartilhar pelo menos um pouco do que aprendi.

A vida pediu à senhora o desprendimento da consciência de ser no tempo presente. E à sua família e às pessoas que a estimam, pediu o desprendimento do significado que eles têm para ela.


É difícil pra gente que vive tentando reforçar os laços que nos unem aos outros pensar que o sentido da vida está no desprendimento.

É o cativar do Pequeno Príncipe, da amizade que brota risos e lágrimas.


O amor tem essa leveza do prender em liberdade.

Amamos, mas somos sós.
E somos sós porque somos livres.
A liberdade é nossa condição, 
o amor, nossa luta diária.

Por Alice

20 de março de 2013

Timeline do Amor


1984 – Nasci apaixonada.

1987 - Aos 3 anos aconteceu minha primeira paixão arrebatadora. Eu tinha certeza que eu ia casar com aquele menino loiro, lindo, de 15 anos, que sentava comigo todo domingo na igreja.

1989 - Aos 5 anos mudei de país, mas o amor continuava ali, falando a mesma língua que a minha.

1990 a 1997 -Dos 6 aos 13 anos me apaixonava toda semana, sempre por algum sorriso diferente. Meus diários de vida sempre estavam cheios de corações, recibos de lugares em que fui com aquele menino especial, fotos, fotos dos boybands da época, poesias... E foi quando conheci meus amigos para a vida toda.

1998 - Aos 14 conheci o amor da minha vida. E eu soube no primeiro momento em que o vi (piegas, mas é verdade).

1998 a 2005 - Dos 14 aos 21 o amor deu lugar a outras paixões: segundo grau,  passar no vestibular, primeiro emprego,  faculdade,  uma vaga no mestrado...

2006 - Aos 21, o amor de 14 anos voltou na minha vida e mais uma vez tive certeza novamente que era ele, assim, fácil. Começamos a namorar, noivamos.

2007 - Aos 22 casei, na praça, para todo mundo ver.  E percebi o quanto amava minha mãe e meus irmãos quando saí de casa para a minha casa e vida de casada.

2008 - Aos 23 comecei a amar meu trabalho, a correr na rua, novas músicas, novos amigos para completar minha vida.

2012 - Aos 27 tive minha primeira filha. Dei o nome que mais amava no mundo. De um filme que amei assim que vi o cartaz.

2013 - Aos 28 o amor acontece a todo momento. Vejo minha filha e vejo o amor em pessoa.  Humanizado em 75 cm de altura, 10 kg de muita fofura.  Vejo que minha vida não poderia ser mais completa. Com ela, com ele e com todos eles a minha volta.

Como disseram Los Hermanos: para nós, todo o amor do mundo...

Por Japonesita

13 de março de 2013

Os Momentos Mais Importantes



Outro dia li uma citação de Belle Spafford que presidiu uma organização de mulheres, a Sociedade de Socorro, (https://www.lds.org/topics/relief-society?lang=por), de 1945 a 1974: “A meu ver as mulheres de hoje, de modo geral, bem fariam em avaliar seus interesses e as atividades nas quais estão envolvidas e, em seguida, tomar medidas para simplificar a vida, colocando as coisas de maior importância em primeiro lugar, dando ênfase às coisas cuja recompensa será maior e mais duradoura, e livrando-se das atividades menos recompensadoras.”

Fiquei pensando que hoje, não só as para as mulheres, acho que até para as crianças, nossa vida é corrida e temos sempre muita pressa.
Isso é um fenômeno da vida moderna, a agitação, o tempo dedicado ao trabalho, que além das horas de trabalho também envolvem a locomoção, a preparação acadêmica para desempenho de uma profissão, enfim, como diz um amigo: “continuamos escravos, com a diferença que agora pagamos para comer e dormir.”

Brincadeiras à parte, agora que tenho mais idade e os filhos já estão adultos e tendo tido uma vida de muita correria (3 filhos e divorciada, imagine), percebo que não me lembro como foi essa correria (não estou com Alzhaimer). Pelo que observo, os idosos perdem a memória recente e só se lembram do passado, dos momentos, dos flashes do que viveram. Daí a importância de valorizar esses momentos, porque não existe um “estado de felicidade”, mas a felicidade é a soma de momentos bons e,  por que não, de momentos ruins que conseguimos superar também.

Para reforçar esta idéia, indico o vídeo chamado “Os momentos mais importantes”




Por Marina

6 de março de 2013

Aprendendo a ser pacientes



Sou fonoaudióloga, trabalho com reabilitação de pacientes surdos. Quando me perguntam se gosto do que eu faço, respondo que não me imagino fazendo outra coisa. Amo a minha profissão. Mas não é sobre mim que gostaria de falar hoje, mas sobre os meus pacientes.

Refletindo sobre a palavra “paciente”, posso dizer que meus pacientes o são como que duas vezes, me explico: primeiro porque o relacionamento que tenho com eles é de terapeuta e paciente, depois porque no caso de um trabalho de reabilitação com pessoas que nasceram surdas ou que perderam a audição necessita-se muito da virtude da paciência. Posso garantir que todos os pacientes que permanecem por um tempo em terapia fonoaudiológica aprendem a ser pacientes.
Para eles, assim como para todos nós, toda pequena conquista é uma grande conquista. Não conseguimos imaginar o que é sair do silêncio e passar para o mundo dos sons, ou conhecê-los e de repente se ver mergulhado no mesmo mundo, mas sem nenhum som.
Vou contar alguns exemplos de pequenas-grandes conquistas.

D. perdeu a audição aos 20 anos. Depois de 20 anos voltou a reconhecer e compreender os sons após fazer uma cirurgia chamada implante coclear. Disse-me que uma das suas grande alegrias seria poder ouvir seus quatro netos. Depois de algum tempo, após várias sessões de reabilitação, voltou a ouvir não só os sons ambientais, mas o que tanto queria. Ele relata, brincando: "Eu estou feliz de poder ouvi-los, mas eles não precisavam gritar tanto!"

Chovia. G. ouviu o som da chuva e foi fechar a janela da sala do apartamento onde mora. Parece simples, mas para G. foi uma grande conquista porque nunca escutara o som da chuva. Alguém já agradeceu por ouvir este e outros sons? G. ficou muito mais feliz pela primeira vez que ouviu a chuva do que chateada pelas tantas vezes que sua sala molhava após não ouvi-la.

Descobriu-se que R não ouvia quando tinha 2 anos de idade.. Foram tomadas todas as providências: terapia fonoaudiológica para estimular a fala, cirurgia, muitas sessões de reabilitação. Aos 3 anos, na sua festa de aniversário, já ouviu o “Parabéns pra você”. Aos 4 anos já pode cantá-lo. Aos 5 anos, em uma das sessões de reabilitação, após eu lhe fazer muitas perguntas para ver como estava a compreensão da linguagem, virou-se para a sua mãe e disse: "Mãe, a J. não sabe nada! Porque ela me pergunta tantas coisas?" 

 Fica fácil entender por que minha profissão é apaixonante. Observar a persistência dos pacientes e de suas famílias é muito gratificante. É por isso que posso afirmar que as pequenas conquistas já são, no fundo, grandes conquistas. 

Por J.