26 de junho de 2013

Sobre a Revolução




Semana passada alguém propôs que não tentássemos melhorar o mundo, que só tornaríamos as coisas piores (pois é, justamente na semana passada).
Eu não poderia concordar menos com essa proposta.
Sei das nossas limitações, de visão, de ação, de tudo.
Mas para mim a pior limitação é o conformismo.
Penso que o amor só existe com a revolução.
Uma pessoa conformada é uma pessoa que não ama.
Quem ama se importa e quem se importa luta.
Luta por ser uma pessoa melhor.
Luta para viver seus amores, desafiando o comodismo da rotina.
Luta para que aqueles que ama sejam melhores.
Luta por um mundo melhor.
Luta por amor, por si mesmo, pelos outros, pela vida.


Por Alice

19 de junho de 2013

As margens plácidas do Ipiranga




E as margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. Fomos pras ruas!

Aqui onde eu participei vi respeito entre os manifestantes e ao espaço público, pluralidade de ideias e a vontade de construir algo novo. A gente fez silêncio quando passou em frente ao hospital, disse não ao vandalismo, fez cartazes inteligentes e divertidos (meu preferido foi: “Este país está um djanho!”) e juntou, ao que dizem, umas 10 mil pessoas! Foi massa.

Mas ouvi dizer que estávamos sem foco, que aquilo era só simbólico e não teria consequências mais concretas.

Não estávamos sem foco. Nosso foco é mostrar pros nossos governantes onde é que está a fonte do poder: não no Congresso, não nos gabinetes, mas no povo. Na contribuição única e insubstituível que cada indivíduo é capaz de dar. O poder é aquilo que nasce da nossa organização e da nossa capacidade de estabelecer consensos quanto ao rumo de ação que vamos tomar. E temos vários consensos: não queremos corrupção! Não queremos atuação violenta da polícia, que está lá pra nos proteger e não pra se voltar contra o cidadão! E queremos investimento em coisas prioritárias (saúde, transporte e educação) e não queremos que isso fique em segundo plano porque nós, pobrinhos, decidimos pagar uma festa pros ricos (ai, essa Copa... o que gritamos foi que dela abrimos mão!).

Foi simbólico e muito mais.

E a consequência concreta é que lembramos o que acontece quando nos unimos e nos organizamos: tudo.  


Por Hannah

12 de junho de 2013

Um cappuccino e um quiche





- Um cappuccino e um quiche, por favor.
- Você teria 7 minutos para que eu aqueça o quiche? Algum problema?

Eu me sentei na mesa um pouco atônita para aguardar. Aquela velha e recorrente sensação de um mundo onde ninguém tem tempo me deixava um pouco enjoada.

Ao meu lado se senta uma mulher, seu marido e o filho. A mulher bordava uma roupinha de bailarina em pleno aeroporto. Pedia a opinião do marido. Deveria por mais ou menos babados? Achei a imagem, no mínimo, poética. Com as parcas opiniões do marido e com o meu diploma de bailarina na minha bagagem de vida, senti-me na obrigação de dar a minha.

Não era um collant de ballet, mas de atleta de ginástica, o que, de forma alguma, tornava minha opinião irrelevante. Falei sobre minha mãe que também me aguardava nos ensaios e bordava as minhas roupas. Lembrei-me da minha vizinha que bordava as roupas da seleção. Sim, eu a conheço. Sim, a seleção treina no Paraná, isso mesmo, lá no interior. Achei que fosse roupa de patinação. Tem também a esposa do meu primo que treina campeões. Eu me recordava da minha herança interiorana, da minha herança de bailarina, da minha herança de família. Da minha bagagem de sim e da minha bagagem de não.

Compreendi um pouco mais sobre o amor ao saber que os três dirigiam por 20 km pra ir e 20 km para voltar todos os dias até ali ao aeroporto para aguardar a menininha que treinava de segunda a sábado, das 13:30 h às 20:30 h. “Isso que hoje o mais velho não pode vir” era o que me falava a mãe. Nenhum deles estava ali para viajar assim como nenhum deles estava ali para treinar. Estavam apenas para, aguardando, apoiar.

Entendi que aquele sonho de ser campeã era um sonho e um empenho de pelo menos mais quatro pessoas. Família vezes quatro, amor quadruplicado.

Ganhei elogios pela minha cara e postura de bailarina. Oferta de emprego porque procuram professores e precisam importar as russas. Pensei até em um instante em mudar completamente de vida e trocar de emprego. Pensei em conhecer o Kremlin um dia.

Soube que 2016 ainda está próximo, teremos todos os cinco (agora contando comigo) que aguardar até 2020. Sim, porque se a pequena gaúcha já é campeã e com tanto amor ao redor, eu estou botando toda fé nela.

Reparo, então, que meu quiche já esfriava em minha mesa.


- Sim, moço, tenho sete minutos. Sete minutos para dar e sete minutos para receber. Nenhum problema.


Por Juliana

5 de junho de 2013

Do cativar e do cultivar

Desconfiava que eu não tinha sido feita para semear. Aprendi a depender de outras pessoas para cuidar das plantas de casa, até o dia que me encontrei com responsabilidade total sobre todas elas...

Tinha certeza de que todas as plantas já estavam previamente condenadas.

Minha maior surpresa foi perceber um dia que a plantinha que eu mantinha na janela só pela esperança de que alguma vez florisse começou a renascer. E eu comecei a ter esperança em mim mesma...

Uma amiga me disse que as plantas são muitos sensíveis que o segredo é regá-las sempre.

Acompanhei por semanas o crescimento do que no princípio era só um raminho verde. Até que num dia de muito frio e neblina, ao abrir janela, vi a tão esperada flor.

Nessa manhã, entendi com mais profundidade o sentimento do Pequeno Príncipe ao acompanhar o desabrochar da única rosa de seu planetinha.

Era a sua rosa.

Era inevitável que se apaixonasse...




Por Mari