17 de dezembro de 2014

Alimento




Olhou com ojeriza para a comida, era gourmet, mas cheirava a morte, assim como todo o resto em volta.
A vida que outrora lhe parecia fácil e alegre tomou ares de farsa.
Palavras lançadas ao vento.
Pequenas decepções cotidianas.
Perdas.
Traições.
Desânimo.
Fraqueza.
Perdera o tempero...

Abriu o livro e leu a dedicatória:
“Ser teu pão, ser tua comida e todo o amor que houver nessa vida.”

Um sentimento de gratidão a inundou.
Sentiu-se forte para recusar a valsa dos mortos-vivos que a circundava e renovou seu desejo de se fazer, também, alimento.

Sophia