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18 de setembro de 2013

A crônica




Hoje quero compartilhar com vocês uma crônica. A crônica que todo professor acaba vivenciando na escola, diariamente, no seu cotidiano com os seus alunos.

Vamos lá... Sou estudante do quarto ano de Letras, da Universidade Federal do Paraná, e aprendi o que era crônica pela primeira vez aos 11 anos de idade, quando ainda estava na quinta série. Nunca dei muita importância para esta forma tão “corriqueira”, “cotidiana” e “pouco poética” de narrar.  Descobri em sala de aula, como professora, que nunca aprendi e internalizei tão bem este gênero. Estranhamente nós somos pagos para ensinar, contudo nós sempre somos os que mais aprendemos nessa empreitada docente. 

Meus alunos tem exatamente 11 anos, idade com a qual aprendi o que era crônica. Ensinei todos os conceitos perfeitamente. Fizemos ficha do assunto. Lemos milhões de crônicas em sala. Diferenciamos de outros gêneros. Tudo nos conformes. Alguns alunos se empenhavam mais, outros mais ou menos e outros simplesmente desprezavam a disciplina. Após todos os blas blas blas sobre crônica, pedi que eles produzissem uma, aplicando tudo o que eles aprenderam e viram nas leituras.

Todos escreveram a tal da crônica exigida pela professora. Muitos falaram de zumbis, planetas X, galáxias ainda não descobertas e extraterrestres; muitos ainda fizeram um relato pessoal, como uma espécie de diário, porém teve uma redação, sem parágrafo, com milhões de erros ortográficos, do aluno mais indisciplinado da turma, que seguiu os padrões do gênero e escreveu a tal da crônica.

A história era de um menino que viu seu pai aparecer com outra família repentinamente. De um menino que não sabia bem o que faria nos seus próximos dias já que estava sem o pai. Diálogos com a irmã narrando o horror e a tristeza cotidiana. O pai morando longe e o drama diário desse personagem que não sabia muito bem o que faria. Para muitos isso poderia ser um conto, mas para esse aluno era de fato uma crônica, já que, bem, estava contando o cotidiano de uma criança, uma criança que representava ele mesmo na vida real. A crônica, que para mim não passava de muitos conceitos fechados que serviam como uma forma de caracterizar este gênero, fez parte da vida do meu aluno, a ponto dele ter encontrado nela uma forma de mimetizar a sua vida.

Na verdade, essa tarefa que atribuí a eles me fez aprender que ser professor te faz aprender com todos os alunos, inclusive os indisciplinados e que não aparentam ser muito promissores no futuro.  Aprendi que nem sempre o melhor da sala, apesar de ter decorado ou estudado assiduamente os conteúdos, é o que compreendeu melhor. Aprendi ainda que a delícia de ser professor está justamente na surpresa que os pequenos sempre pregam na gente.

Ser professor é entrar todo dia em sala com uma aula pronta e muitas vezes perceber que na verdade a sua aula estava muito superficial para a profundidade dos seus alunos. É encontrar o amor nos olhinhos deles atentos em você. É aprender diariamente a simplicidade e a espontaneidade da vida, que a gente sempre acaba perdendo um pouco quando nos tornamos adultos. A Crônica nunca foi tão real como depois dessa redação.


Por Ana Karla Canarinos

10 de julho de 2013

O amor dos meus amores




É possível ensinar alguém a amar? A grosso modo e ao pé da letra, certamente que não.

Mas a vida, sim ela mesma, nos ensina que o amor vai muito além das lágrimas derramadas por aquele menino do colégio ou mesmo das frases que prontamente repetimos aos nossos pais, durante a infância. O amor, nada mais é, que reflexo do cotidiano ao qual somos inseridos ao nascer.

Para a criança, beijar significa gostar, e ela sabe disto e, assim demonstra seu afeto. Esta forma de amor é aquela clássica. Mas a que, realmente, me encanta é a “camuflada” nos pequenos acontecimentos cotidianos. Aquela em que não é necessário iniciar ou incitar o sentimento, quando o amor se faz presente quase que “sem querer”.

Ver uma criança integrada à família, reconhecendo os pertences de cada ente, sabendo dos gostos dos familiares, assim como interagindo no universo do “lar” é a forma mais pura e serena de amar. Um sentimento que se desprende do óbvio e tende a seguir em construção por tempo indeterminado.

É nesta interface família-lar-cotidiano que o amor pode ser ensinado, não como doutrina, mas sim como sentimento arraigado no “ser”. O amor, quando assim é tratado, deixa de ser apenas uma qualidade individual e passa a ser característica familiar, social e universal.

Por isso, acredite, nós podemos, sim, ensinar a amar.


Por Clarisse