30 de outubro de 2013

Casa de Brinquedos




"Eu estava brincando na Casa dos Brinquedos..."

Com certeza ao ler esta afirmação muitos pensarão que é uma criança que está falando, pois é muito grande a dificuldade que os adultos têm para brincar no seu cotidiano de responsabilidades. O que felizmente as mães têm a oportunidade de aproveitar. 

A maternidade não é de maneira nenhuma uma brincadeira, já que a responsabilidade se materializa ao ensinar uma criança a tornar-se um bom adulto. Chego a dizer que é uma das maiores responsabilidades que se pode assumir perante o mundo.

Mas, certamente também, é uma grande oportunidade para brincar, não em uma casa de brinquedos miniatura, porque com uma filha de 1 ano e 7 meses em casa descobri que a minha própria casa virou realmente uma casa de brinquedos e que eu acabo sendo uma criança grande, e mais desajeitada que ela.

Eu rolo no chão, engatinho atrás dela, dançamos, brincamos de bola e apesar de já não ter a mesma agilidade eu tento ensiná-la, na sua pouca idade, a desenvolver sua coordenação para poder aproveitar toda a agilidade que a infância lhe dá, que um dia já me deu, mas que eu consigo, como mãe, diariamente rememorar.

Portanto a frase: Eu estava brincando na Casa dos Brinquedos... Não é de uma criança, mas da mãe que pelo menos em algumas horas do dia, volta a ser assim...

Por Daniela

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23 de outubro de 2013

Minha cunhada se mudou



Quando tinha cinco anos mudei de cidade pela primeira vez. Ano que tem faz dez anos que moro longe da minha família. Lembro do sofrimento que era no começo: um chororô a cada despedida, um chocolate a cada saudade. Dizem que o tempo cura tudo, e eu achava que esses 10 anos tinham me curado. Tinha essa ilusão de desapego, de é assim, fazer o que?, de o mundo é muito grande pra se passar a vida num lugar só mesmo...
Algum tempo atrás minha cunhada se mudou de repente. Eu achando que viver era ganhar horizontes e descobri que tinha raízes. Percebi que apesar de ela nunca sair comigo (ô menina atarefada!) eu queria poder continuar chamando. Quando arrancam uma raiz, o buraco que fica no chão é muito grande e a gente cai. E eu, antes valentona, chorei, regando-me e aprofundando-me ainda mais na terra.
BM

16 de outubro de 2013

A Hierarquia do Amor


Há quem acredite que a maior forma de viver o amor é demonstrar afeto, atenção e cuidado por qualquer estranho que cruze seu caminho.
Muitas vezes, isso é um grande engano.

Devemos sempre nos lembrar que somos responsáveis por quem cativamos.
Penso que só a vivência da responsabilidade nos faz amadurecer a ponto de amar verdadeiramente qualquer estranho que cruze o nosso caminho.

Não podemos nos iludir com uma “ideologia do amor”, o amor só existe na vivência.
E apesar de universal, demanda uma hierarquia.
Se não nos lembramos de incluir na nossa rotina ações para cada pessoa considerando os diferentes níveis de responsabilidade que temos para cada uma, não estamos vivendo o amor…


Alice

9 de outubro de 2013

De mudança


Há algumas semanas  eu arrumava as minhas coisas pra me mudar de cidade. Foi uma coisa meio repentina, uma oportunidade que surgiu de repente e que pedia uma resposta quase imediata. Eu não tinha muito tempo pra preparar tudo e o meu volume de bagagens deveria ser, digamos assim, modesto (afinal, não estava exatamente disposta a pagar pelo preço exorbitante do excesso de bagagem). Pra resolver esse "drama", incorporei a máxima  das mudanças: "vou levar comigo só essencial".
Obviamente não durou muito tempo. Tive várias crises do tipo "meu Deus, quero levar tudo!" ou de "tanto faz, não quero mais me mudar mesmo". Mas no fim, quando tudo estava finalmente pronto, eu percebi que o que nos é realmente essencial não é algo que levamos nas malas. 

Adélia

3 de outubro de 2013

Dissertando




Lá estava eu odiando uterinamente a minha dissertação de mestrado que não engrena. Já vão dois meses que não consigo dar uma cara mais sustentável pra coisa. Peguei aversão a tudo o que diz respeito a ela: os livros que estou lendo, os meus rabiscos idiotas nas margens desses livros, os adesivos coloridos com que marquei as partes importantes dos livros e que os deixaram com um ar retardado de pirulito, os títulos dos capítulos e subcapítulos do meu trabalho que me dão raiva de tão improvisados, as conversas em torno do tema com que de vez em quando alguma alma bondosa tenta me animar, as minhas fichas de leitura supostamente vintage (na verdade, amadoras) feitas naquelas folhinhas pautadas com as quais o pessoal organizava ficheiros na década de 50, as minhas horas inchadas de megalomania enquanto escrevia o projeto, as minhas horas em desespero e posição fetal na frente o computador vendo um texto que só empaca, a minha escrivaninha zoneada (mas isso meio que sempre foi assim, admito), o meu interesse misterioso e súbito em pesquisar no google qualquer coisa como relógio-de-sol-como-fazer-e-como-funciona, um grande tempo desperdiçado em interesses súbitos e misteriosos como esse, enfim, tudo me desagrada e repugna.

E numa tarde dessas – depois de duas horas passadas na biblioteca da universidade, com meu computador e o arquivo da dissertação abertos, e eu em estado de semi-catatonia – fui passear pela cantina segurando um dos livros sobre o qual estou trabalhando (meu trabalho é sobre livros de literatura e inclusive isso tem me desanimado: estou escrevendo sobre ficção, quer dizer, o que tem me tirado o sono não são nem pessoas e coisas que tenham acontecido de verdade...) e encontrei lá uma amiga. Batemos papo. Até que ela olhou pro meu livro e disse (e eu percebi que não era por filantropia, era um interesse espontâneo e real): “É esse o livro que você tá estudando?” e já foi pegando nele. É literatura contemporânea, não é muita gente que conhece, então conversei um pouquinho a respeito. Foi uma coisa bem simples isso. Mas me deu um estalo pra pensar que aquilo que estou fazendo tem sim uma grande dimensão de realidade: porque tudo o que é humano, seja imaginação, sejam fatos, ocupa um lugar todo especial na realidade. E, afinal, a minha amiga perguntou pelo livro e segurou nele como se num pedaço do mundo, ou seja, como numa coisa que vale a pena. A partir disso acho que eu consigo lembrar por que foi que me apaixonei pelo meu tema de estudo. É o que vou tentar fazer nos próximos dias.
 

Bel