17 de julho de 2013

Pela porta




Um dia ao entrar em casa me dei conta da opacidade da porta, do desgaste da maçaneta que há muito tempo não deveria reluzir, coisa de que eu nunca tinha me dado conta.
Nesse dia decidi começar a limpeza por fora.
Enquanto limpava as portas e as maçanetas, meditava sobre o peso do tempo na gente.
Quantas vezes não deixamos a poeira tomar conta de nossas feições?
Todos notam, menos nós próprios...
Fiquei pensando no pó como um sinal externo que discretamente nos lembra de renovar a rotina.  Se preocupar com a fachada é também um modo de dar boas vindas para alguma mudança que poderá entrar a qualquer momento pela porta...


Por Sofia

10 de julho de 2013

O amor dos meus amores




É possível ensinar alguém a amar? A grosso modo e ao pé da letra, certamente que não.

Mas a vida, sim ela mesma, nos ensina que o amor vai muito além das lágrimas derramadas por aquele menino do colégio ou mesmo das frases que prontamente repetimos aos nossos pais, durante a infância. O amor, nada mais é, que reflexo do cotidiano ao qual somos inseridos ao nascer.

Para a criança, beijar significa gostar, e ela sabe disto e, assim demonstra seu afeto. Esta forma de amor é aquela clássica. Mas a que, realmente, me encanta é a “camuflada” nos pequenos acontecimentos cotidianos. Aquela em que não é necessário iniciar ou incitar o sentimento, quando o amor se faz presente quase que “sem querer”.

Ver uma criança integrada à família, reconhecendo os pertences de cada ente, sabendo dos gostos dos familiares, assim como interagindo no universo do “lar” é a forma mais pura e serena de amar. Um sentimento que se desprende do óbvio e tende a seguir em construção por tempo indeterminado.

É nesta interface família-lar-cotidiano que o amor pode ser ensinado, não como doutrina, mas sim como sentimento arraigado no “ser”. O amor, quando assim é tratado, deixa de ser apenas uma qualidade individual e passa a ser característica familiar, social e universal.

Por isso, acredite, nós podemos, sim, ensinar a amar.


Por Clarisse

3 de julho de 2013

Sabão em Pó



Desmancha a mágoa
Que mancha o peito
Tenta e sacode
Assopra pra lá
Porque é certo
Que daqui
Semanas
De novo
Vem,
Mais dois, três
Episódios de
Coração com hematoma.
Desmancha a mágoa
Toma o antídoto
Do amor próprio
E se apropria
Dos curativos
Só cabe a ti e
mais nenhum
Juntar caquinhos
Respirar fundo
E esquecer
Que refém dela
Já foste um.