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11 de setembro de 2013

Amanhecer





Não é difícil ver envelhecer o dia quando alaranja e vai sumindo no vermelho até ser negro.
Não é pesado caminhar a juventude com a primavera dos sonhos a bater nas janelas do peito
O mais difícil é trilhar sozinho de um lado do estado, quando em outro lado está aquilo que é tão meu
Mas pela metade se vai mais que adiante, porque o amor revive, ele não cansa
O amor reacende as chamas da vida da gente na luz de cada manhã, mesmo que sejamos só a metade.

Por Luana Borsari

16 de janeiro de 2013

Nas Fronteiras do Humano

viagem pelo Rio Moa

Eu hoje moro no Acre, numa cidade que fica no extremo oeste do Brasil, fronteira com o Peru. Não sei ao certo o motivo pelo qual vim parar nessas fronteiras, talvez porque nunca fui de fazer grandes cálculos acerca dos caminhos que tomo.


À experiência no norte atribuo boa parte da minha compreensão de mundo; o choque com o diverso amplia horizontes. Talvez por essa razão seja sempre tão bem humorada quando questionada sobre a existência do Acre, tanto pelos que só querem uma razão para se aproximar quanto pelos que não compreendem a opção por um lugar tão longínquo. Não é possível escrever em poucas linhas o que significa morar no Acre. Lidar com um povo que ri quando tem vontade independente de onde estiver, que conversa honestamente não só por palavras, mas principalmente por gestos. Os gestos são realmente o que fascina. Eu não concebia pessoas cuja expressão corporal não estivesse limitada pelas regras do ‘bom convívio social’. Incomoda um pouco a lascividade evidente, embora meu olhar treinado a reconheça mesmo nos ambientes mais formais (com mil aspas: civilizados).  Mas o incômodo é o que tange as fronteiras do que se pensa ser o humano e pode alargá-las desde que o olhar esteja disposto. No entorno da cidade sobrevivem populações indígenas, espremidas entre os interesses latifundiários e o desprezo dos citadinos, que anseiam pelo dito progresso, para o qual os indígenas são barreiras constantes. Um mundo ininteligível, penso eu. Seu riso, seu gestual, suas crenças... penso entender, mas sei que minha mentalidade ocidental os inventa, assim como eles devem me inventar – e isso Roy Wagner me esclareceu. Sei que não são mendigos à procura da redenção pelo homem branco, nem coisinhas lindinhas saídas dos livros para me satisfazer e impressionar. Penso que muitas vezes vejo, mas não enxergo culturas tão diversas, mesmo porque elas nem sempre, ou não tão rapidamente, dão a conhecer de forma clara os seus sistemas de verdades, de convívio social e de relação com a terra. Eis que novas fronteiras se interpõem e segue a vida em terras acrianas. 

Blenda Cunha Moura

19 de dezembro de 2012

As pedras do caminho



No tempo em que meu avô trabalhava numa siderúrgica era responsável pela limpeza dos fornos.
Todas as noites, ele era assombrado com o pesadelo de que ainda estava dentro dos fornos quando acionavam a sirene avisando que estes iriam ser acesos.
Um dia, quando estava dentro dos fornos, encontrou uma pedra e, do trabalho que lhe inspirava pesadelos, fez arte.

Por anos, passei pela pedra esculpida sem sequer imaginar o seu significado mais profundo.
Quando ele nos contou essa história, fiquei pensando no que escondem as pedras que encontramos pelo caminho...
Sem dúvida, as pedras incomodam e, muitas vezes, causam sofrimento...mas também podem ter um grande potencial de arte. Arte pensada e realizada na vivência do amor pela jornada de cada dia.

Por Mari