29 de maio de 2013

O sertão que nos cabe




Ele escreveu que seus amores são semiáridos, que tem sede, mas representa um deserto. Lembrou-me daquela ideia de Guimarães Rosa de que o sertão está em toda a parte, está dentro da gente.

O semiárido não seria um privilégio das pessoas mais sensíveis, penso que todos nós amamos em disritmia. E essa alusão é tão antiga quanto aquela história de que viemos do pó.

Todos temos uma sede insaciável, mendigamos amor e o pouco que conquistamos escorre no solo monótono do semiárido cotidiano.

Apesar dessa cena trágica, o sertão me encanta. Uma das mais lindas histórias de amor que já li se passa lá, o amor nunca consumado de Riobaldo e Diadorim no Grande Sertão: Veredas.

Penso que a beleza do amor semiárido está justamente na possibilidade da introspecção. É preciso conhecer o sertão que nos cabe para encontrar as paragens que nos alimentam e descansam.

Dizem que o sertanejo é um forte. E eu o vejo assim. Porque entre muitos que escolhem a rota de fuga de seus próprios sertões, ele permanece lá, se alimentando do semiárido, aceitando a verdadeira luta por amor.

Sem ilusões. Sem palavras vãs. Apenas o sertão e a luta.

Por Sofia

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