Ele escreveu que seus
amores são semiáridos, que tem sede, mas representa um deserto. Lembrou-me
daquela ideia de Guimarães Rosa de que o sertão está em toda a parte, está
dentro da gente.
O semiárido não seria um
privilégio das pessoas mais sensíveis, penso que todos nós amamos em disritmia.
E essa alusão é tão antiga quanto aquela história de que viemos do pó.
Todos temos uma sede
insaciável, mendigamos amor e o pouco que conquistamos escorre no solo monótono
do semiárido cotidiano.
Apesar dessa cena
trágica, o sertão me encanta. Uma das mais lindas histórias de amor que já li
se passa lá, o amor nunca consumado de Riobaldo e Diadorim no Grande Sertão:
Veredas.
Penso que a beleza do
amor semiárido está justamente na possibilidade da introspecção. É preciso
conhecer o sertão que nos cabe para encontrar as paragens que nos alimentam e
descansam.
Dizem que o sertanejo é
um forte. E eu o vejo assim. Porque entre muitos que escolhem a rota de fuga de
seus próprios sertões, ele permanece lá, se alimentando do semiárido, aceitando
a verdadeira luta por amor.
Sem ilusões. Sem
palavras vãs. Apenas o sertão e a luta.
Por Sofia
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