1 de maio de 2013

O que é o amor?



A palavra “amor” sempre me intrigou. Não poderia ser um mero sentimento, difícil de ser diferenciado dos outros que aparecem quando somos atraídos por algo. Talvez, então, seria um ato louco da pura razão? Inconcebível! A inteligência conhece, mostra caminhos, mas a decisão é tomada pela vontade. “Ah, então a resposta está na vontade”, exclamei certa vez em voz alta, ingênua e kantianamente! A vontade sim é soberana, escolhe mesmo contra os conselhos da inteligência ou o movimento das paixões. Mas... nem isso me convencia até o final. O amor não poderia ser de domínio puro da vontade! Como imaginar o amor verdadeiro sem conhecimento ou emoções?

E, eis que assim “pulava” entre as potências do meu “eu” interior, buscando entender o amor, quando me apaixonei, perdidamente! Sim, uma flechada, sem aviso, sem defesas. E tudo aconteceu ao mesmo tempo: o sentimento não se satisfazia com o simples padecer e, por isso, a inteligência era intimada a conhecer mais e mais. E a cada nova descoberta do objeto amado, ensinada com ternura pela razão à vontade, esta última ia querendo com mais força, sem saciar, desencadeando novas explosões da sensibilidade e, ao mesmo tempo, levando-me a submeter todo o resto pelo “Amor”.

Nessa dinâmica, na qual me deixava escravizar e, surpreendentemente, tornava-me cada vez mais livre, o amor começou a mostrar a sua verdadeira face. “Não sou um produto da tua vontade, inteligência ou sentimentos”, parecia dizer-me. “Sou consequência de todo o teu ‘eu’ mais profundo em encontro com o sentido da tua existência”. “Desvendo quem és, teus desejos mais profundos, a tua vocação à felicidade; te conduzo a ser muito além do presente de ti mesma, sem perderes a tua identidade e, ao mesmo tempo, desenvolvendo ao infinito todas as tuas potencialidades”.

Percebi que o amor tem um objeto próprio. Para as pessoas, o verbo “amar” só pode ser conjugado em relação a um bem igual ou superior a nós mesmos – outra pessoa –, já que deixar-se arrastar por qualquer outro bem inferior seria enganar-se, trair a si mesmo e ao desejo inegavelmente humano de infinito. E deparei-me com a realidade de que o amor, misteriosamente, conjuga – e une! – momentos de repouso e atividade, dor e alegria, sacrifício e paz.

Hoje entendo que ainda não compreendo o amor plenamente; sinto que se o soubesse, não seria o verdadeiro. E estou disposta a ouvir outras versões dessa história. Só sei que, no meu caso, a cada passo de entrega/crescimento/enriquecimento sou mais eu mesma, mais feliz. E, mesmo nos momentos mais difíceis, não me trocaria por ninguém.

A apaixonada

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Expresse sua querida opinião sobre esse texto! Queremos lê-la!