25 de setembro de 2013

Do Desespero e da Paz


- Mariana?

Abri os olhos e me deparei com a T. sorridente.


- Você está bem?


Não estava tanto, dava voltas em torno de problemas que me pareciam monstruosos.
Ela continuou antes que eu respondesse qualquer coisa:


- Deve estar tudo bem, sua vida é fácil, né? Não parece nada com a minha. Sabe como é a minha, né?


Lembrei-me do nosso último encontro há quatro anos.
Aconteceu como nesse dia: eu estava sentada de olhos fechados e ela me chamou.
Só que naquela data, quando abri os olhos, me deparei com a T. em lágrimas.
T. é uma parente distante que vejo muito pouco e naquela altura não a reconheci e nem lembrava seu nome (aliás, fiquei surpresa de que ela tivesse me reconhecido).
Ela começou a compartilhar as dificuldades da vida.Tantos problemas e esses sim, monstruosos, que ela já beirava a loucura.


...


Quatro anos depois, não me lembrava mais dos detalhes, mas só a recordação da face de desespero dela me fez ver que os meus problemas eram mesmo irrelevantes.

T. continuava a falar:


-Sabe, esses dias estive doente, fiz duas cirurgias - dizia apontando para as cicatrizes na barriga - Queria morrer, pedi para Deus me levar. Não queria mais viver nesse mundo que só tem desgraça. Deus não quis me levar, acabei ficando. Estou feliz agora. Arrumei um emprego. Amanhã vamos para a praia para passar o fim de semana. Estou falando muito alto, né? Me desculpe.  A gente sempre se cruza por acaso, né? Tenho que ir, vá lá em casa me fazer uma visita…


Recuperado o silêncio, já distraída dos meus problemas, voltei a meditar de como a luta dos outros nos ajuda na nossa luta cotidiana...

Por Mari

5 comentários:

  1. "voltei a meditar de como a luta dos outros nos ajuda na nossa luta cotidiana..."
    Com certeza... ainda mais que para nós os nossos problemas são os piores, e acabamos nos esquecendo em dar apoio aos outros que podem ter problemas beeeem maiores!!! Mt boa a postagem!! =D

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  2. Relativizar é a palavra. É como a gente vai sobrevivendo.

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  3. Mais do que sobrevivendo, sobrevivendo junto- faz toda a diferença =)

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  4. Nada como a vida real para colocar as coisas no lugar. Excelente texto, mocinha! :)
    E, a vida? É bela mesmo... inclusive nos dias mais complicados! Obrigada. Bj.

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  5. Acho que o jeito para encarar tudo isso é a insustentável leveza, a qual você tem de sobra!

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