19 de março de 2014

Turquia




O dia em que decidi ir para a Turquia foi o dia em que já tinha me afogado em sofrimento. O meu namoro de quase seis anos havia se esvaído e aquele em que tanto confiava assumiu nunca ter verdadeiramente me amado. Eu tinha vivido seis anos pra ele. Seis anos em que não sabia quem eu era. E a minha viagem era a minha chance de tentar me descobrir. Cheguei num país diferente para encontrar uma amiga há tempos não vista na esperança de viver algo diferente. A Turquia se revelou pra mim uma cura. A convivência com pessoas que vivem com princípios de hospitalidade e respeito para com qualquer cliente, visitante ou passante me ensinou que devemos respeitar o outro. A cada chá oferecido gratuitamente para que eu me sentisse mais acolhida na loja, casa ou restaurante eu sabia que algo mudava em mim também. Em um momento, por exemplo, uma garota que sentou ao meu lado no ônibus de viagem e que sequer conseguia se comunicar comigo me comprou brownies. Simplesmente para que eu pudesse estar bem naquela viagem. Sem interesse algum. E essa foi apenas uma das histórias emocionantes.  Passei meu aniversário em Éfeso, na Turquia, entre ruínas de uma cidade que foi grega, romana e otomana. Longe de tudo e de todos, inclusive da minha amiga turca que ficou em Istambul. Estava em Éfeso e depois em Pamukkale e ainda na Capadócia. Sozinha. Mas em cada tour conheci gente do mundo todo. Fiz amigos, dei risadas e, embora sozinha em minhas descobertas, em nenhum momento me senti solitária. Pessoas diferentes me enriqueciam de mim mesma. Então voltei para Istambul para reencontrar minha amiga depois da viagem pelo interior da Turquia e pelo meu interior, e fui surpreendida por um bolo de aniversário, parabéns e presentes. Chorei de emoção vendo que existe amor sem precedentes no mundo. Existe amor sem limites. Um amor que transcende preconceitos, religião, costumes e crenças. E ele está dentro de mim. Precisei viajar para encontrar a mim mesma e ao meu amor. E foi na Turquia que me conheci. Um país que não é cheio de camelos, que não é radical com o islamismo e onde as mulheres têm voz e podem sim andar sozinhas sem medo. Fui extremamente bem tratada por todos que conheci. Aprendi a me sentir especial e hoje me respeito e me amo. Sozinha talvez, nunca solitária. Tenho dentro de mim as lembranças. Tenho dentro de mim tudo que não sabia que eu tinha. Tenho uma vida que vale a pena ser vivida. E que sempre valerá, não importa o que aconteça.

C. S.

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