Não é o dos poemas mais românticos, do jantar a luz de velas ou da
ansiedade pelo primeiro encontro. Talvez, um dia (quem sabe?), até seja, mas o
de hoje não é. O amor amigo é o do “porque não nascemos filhos/as da mesma
mãe?” ou do “porque não nos conhecemos antes?”. É o clichê, desde “a família
que nos permitiram escolher” até o “pede pra minha mãe pra eu dormir na sua
casa?”. É o amor primeiro, é o que todos deveriam ter por direito e é o que nos
ergue quando falta chão pra pisar. Esse amor é aquele que aparece quando você
olha lá pra cima e pergunta se não tem mais nada de ruim pra acontecer com
você, ou quando você está convicto de que já não existem meios de se ter “fé na
vida, fé no homem, fé no que vier”.
Há um tempo (um ano, nem muito e
nem pouco, mas o suficiente para que eu processasse todas as informações),
resolvi embarcar, me enfiar de cabeça, mais especificamente falando, num sonho
escondido: viajar para outro país, sozinha, e morar lá por um tempo. Eu tinha,
como era de se esperar, todos os tipos de medo: de me perder, não entender a
língua, ir mal nos estudos ou morrer de saudades da minha casa. Mas o medo
maior, aquele que tirava o sono e molhava o travesseiro, era o de perder o
lugar que eu tinha na vida das pessoas, na vida dos meus amigos. Querendo ou
não, a gente sabe que família está ali, família é quase sempre fixa. Mas
amigo... ah! Amigo a gente rega, aduba, assiste crescer todo dia.
Mas, e se eles se acostumarem com você longe? E se for verdade que “quem
tanto se ausenta um dia deixa de fazer falta”? E se VOCÊ se acostumar sem eles?
E se na hora de voltar já não existir seu espacinho na vida de cada um?
E aí vem a vida como um belo “há-há-há” bem no seu nariz. Afinal de
contas, você mal sabe o que vem pela frente. Você não faz ideia de que todo o
colorido da sua viagem virá deles, os amigos. E agora em dose dupla. Agora você
vai conhecer quem estará contigo em uma das maiores e melhores experiências da
sua vida, aprender a sentir saudade pra sempre e a confiar que amigo não tem
regra, não expira. É engraçado como a gente passa a perceber e aceitar que na
vida há quem apareça para ficar e há quem está só de passagem, e nenhum deles é
mais ou menos importante. De algum jeito maluco e incompreensível, as pecinhas
desse quebra cabeça vivo vão se encaixando. Quem tinha que ficar o fez, e você
nunca vai saber como agradecer por isso. Quem precisou ir foi, e os motivos
talvez não precisem ser entendidos. Quem quis aparecer? Esses vieram também,
oras! Seus presentes de boas-vindas. E os que você precisou deixar, não porque
quis, mas porque precisou... esses andam com você a cada sorriso que você dá e
cada vez que seus olhos piscam, seu coração bate ou sua mente viaja. Eles hoje
são parte de quem você é, de quem você se fez, de quem você aprendeu a ser.
Tha
SSD de voce!! Gracias thays!!
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