12 de março de 2014

Amoramigo




Não é o dos poemas mais românticos, do jantar a luz de velas ou da ansiedade pelo primeiro encontro. Talvez, um dia (quem sabe?), até seja, mas o de hoje não é. O amor amigo é o do “porque não nascemos filhos/as da mesma mãe?” ou do “porque não nos conhecemos antes?”. É o clichê, desde “a família que nos permitiram escolher” até o “pede pra minha mãe pra eu dormir na sua casa?”. É o amor primeiro, é o que todos deveriam ter por direito e é o que nos ergue quando falta chão pra pisar. Esse amor é aquele que aparece quando você olha lá pra cima e pergunta se não tem mais nada de ruim pra acontecer com você, ou quando você está convicto de que já não existem meios de se ter “fé na vida, fé no homem, fé no que vier”.

Há um tempo (um ano, nem muito e nem pouco, mas o suficiente para que eu processasse todas as informações), resolvi embarcar, me enfiar de cabeça, mais especificamente falando, num sonho escondido: viajar para outro país, sozinha, e morar lá por um tempo. Eu tinha, como era de se esperar, todos os tipos de medo: de me perder, não entender a língua, ir mal nos estudos ou morrer de saudades da minha casa. Mas o medo maior, aquele que tirava o sono e molhava o travesseiro, era o de perder o lugar que eu tinha na vida das pessoas, na vida dos meus amigos. Querendo ou não, a gente sabe que família está ali, família é quase sempre fixa. Mas amigo... ah! Amigo a gente rega, aduba, assiste crescer todo dia.

Mas, e se eles se acostumarem com você longe? E se for verdade que “quem tanto se ausenta um dia deixa de fazer falta”? E se VOCÊ se acostumar sem eles? E se na hora de voltar já não existir seu espacinho na vida de cada um?


E aí vem a vida como um belo “há-há-há” bem no seu nariz. Afinal de contas, você mal sabe o que vem pela frente. Você não faz ideia de que todo o colorido da sua viagem virá deles, os amigos. E agora em dose dupla. Agora você vai conhecer quem estará contigo em uma das maiores e melhores experiências da sua vida, aprender a sentir saudade pra sempre e a confiar que amigo não tem regra, não expira. É engraçado como a gente passa a perceber e aceitar que na vida há quem apareça para ficar e há quem está só de passagem, e nenhum deles é mais ou menos importante. De algum jeito maluco e incompreensível, as pecinhas desse quebra cabeça vivo vão se encaixando. Quem tinha que ficar o fez, e você nunca vai saber como agradecer por isso. Quem precisou ir foi, e os motivos talvez não precisem ser entendidos. Quem quis aparecer? Esses vieram também, oras! Seus presentes de boas-vindas. E os que você precisou deixar, não porque quis, mas porque precisou... esses andam com você a cada sorriso que você dá e cada vez que seus olhos piscam, seu coração bate ou sua mente viaja. Eles hoje são parte de quem você é, de quem você se fez, de quem você aprendeu a ser.

Tha

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