21 de agosto de 2013

No mar




Hoje de manhã quando eu estava no mar - diga-se de passagem: gelado, escuro, com ventos uivantes e uma garoa que caía na diagonal - comecei a refletir sobre a "unidade"... É engraçado, pois acredito que para cada pessoa ela se expresse intensamente de formas distintas. 

Todas as pessoas que eu conheço que "surfam" criam uma relação tão intensa com o oceano e com a prática que talvez só possa ser explicada pela "unidade". 

Estar no mar, depois do ponto onde as ondas quebram, sentado num lugar sagrado, onde nada nem ninguém vai te atingir (a não ser uma onda talvez rs), olhando para o aquela linha cinza entre o céu e o mar, esperando a série se formar, esperando a onda chegar... subitamente um peixe salta da água no horizonte e três pássaros passam ao teu lado num vôo rasante como se você não estivesse ali, como se - agora sim - você fizesse naturalmente parte da paisagem. 
É uma sensação espetacular... fazer parte de um todo, de uma unidade, e ser ao mesmo tempo tão insignificante e vulnerável. Mas se sentir imensamente grato por isso. 
...

Está frio. Você já não sente mais a ponta dos pés nem das orelhas. O mar nem está tão bom assim. O vento sul não perdoa. Mas lá ao longe você vê alguma coisa se formando... uma ondulação vindo na tua direção, para você, o universo está te dando um presente. Você começa a nadar, sente ela te puxando para trás. Você está mais alto e ela te desafia. É preciso levantar, agora. Toda a força do teu corpo te impulsiona para ficar em pé. Você sente um frio na barriga e desce, em pé, o presente que o oceano trouxe especialmente para você. Agora é só aproveitar, 5 segundos que parecem uma eternidade. Você olha para trás e teus amigos comemoram, felizes por você ter merecido aquele presente.   
...

Teus medos, ansiedades e angústias foram temporariamente lavados pelo mar. Você se sente mais completo, mais único, mais vivo. Nada te faria mais feliz naquele momento do que aquela onda.


Por Isabel Ziesemer Costa

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