E as margens plácidas do
Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. Fomos pras ruas!
Aqui onde eu participei
vi respeito entre os manifestantes e ao espaço público, pluralidade de ideias e a vontade
de construir algo novo. A gente fez silêncio quando passou em frente ao
hospital, disse não ao vandalismo, fez cartazes inteligentes e divertidos (meu preferido foi: “Este
país está um djanho!”) e juntou, ao que dizem, umas 10 mil pessoas! Foi massa.
Mas ouvi dizer que
estávamos sem foco, que aquilo era só simbólico e não teria consequências mais
concretas.
Não estávamos sem foco.
Nosso foco é mostrar pros nossos governantes onde é que está a fonte do poder:
não no Congresso, não nos gabinetes, mas no povo. Na contribuição única e insubstituível que cada indivíduo é capaz de dar. O poder é aquilo que nasce da
nossa organização e da nossa capacidade de estabelecer consensos quanto ao rumo
de ação que vamos tomar. E temos vários consensos: não queremos corrupção! Não queremos
atuação violenta da polícia, que está lá pra nos proteger e não pra se voltar contra
o cidadão! E queremos investimento em coisas prioritárias (saúde, transporte e
educação) e não queremos que isso fique em segundo plano porque nós, pobrinhos,
decidimos pagar uma festa pros ricos (ai, essa Copa... o que gritamos foi que
dela abrimos mão!).
Foi simbólico e muito
mais.
E a consequência concreta
é que lembramos o que acontece quando nos unimos e nos organizamos: tudo.
Por Hannah
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