9 de janeiro de 2014

Dick and Jane


A Jane veio me cumprimentar, me perguntava onde estaria o Dick quando me lembrei que ele tinha morrido. Já não me lembrava há quanto tempo, mas não a tinha visto desde então. Há dois anos que não vinha para o Alabama.
Desatei a chorar pela notícia recebida há meses (que não me fez chorar na ocasião).
Conheci a Jane e o Dick logo que meus pais chegaram no Alabama cinco anos atrás. Ficava admirada com a disposição deles de irem à missa todos os dias às 6e20 da manhã (apesar de aposentados ainda trabalhavam ajudando os imigrantes mexicanos). Lembro-me quando o Dick se apresentou para nós, disse que Dick e Jane eram os nomes mais óbvios para casais nas histórias americanas. Todos os dias, o Dick nos cumprimentava com um sorriso, esperando que déssemos boas noticias sobre a nossa adaptação.

Hoje quando vi a Jane sozinha desatei a chorar não só pela saudade que ela deve sentir do Dick, mas porque senti o mundo muito mais triste com a sua ausência. Não tinha me dado conta, mas acho que esperava encontrar o sorriso esperançoso dele logo na saída.

Mari

1 de janeiro de 2014

Pôr do Sol


Hoje resolvi caminhar lá fora, no final da tarde. Diferente das outras vezes, caminhei no sentido contrário, de propósito, para que, na volta, pudesse assistir ao maravilhoso pôr do sol que esta cidade em que vivo nos proporciona.
Queria ter uma cadeira comigo e mudá-la de lugar, e viver em um planeta pequeno, que pudesse ter 43 pores de sol num dia na Terra.
E hoje o pôr  de sol me fez chorar. Não era o mais lindo de todos, as nuvens encobriam parte do sol. Mas era lindo mesmo assim. Era como se ele enchesse o meu coração de uma certeza: a de que as maiores riquezas que temos; o pôr do sol, o amanhecer, uma criança a brincar, um sorriso amigo de quem se ama, um amigo que reencontramos, são presentes que nenhum dinheiro no mundo pode pagar, não tem preço. E as lágrimas que derramamos quando nos deparamos com elas são aquelas que nos trazem de volta aquilo que somos.

Eve